[Kurumada Entrevistas]

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    Mozóvo

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    O objetivo desse tópico é reunir entrevistas concedidas por Kurumada nos mais variados idiomas (inclusive japonês) e reunir o máximo de informações relativas ao assunto.

    Comecemos com algumas em português.

    -Entrevista para a Henshin:

    http://taizen.net78.net/kurumada_entrevista_henshin.htm

    -Entrevista para a Animeland 117:

    http://taizen.net78.net/kurumada_entrevist...imeland_117.htm

    -Entrevista para a Men's Walker:

    http://taizen.net78.net/entrevista01.htm

    -Entrevista para o Club Dorotheé:

    http://taizen-saintseiya.blogspot.com/2009...da-para-os.html

    -Manga no Genba - Kurumada Special

    http://taizen.net78.net/manga_no_genba_kurumada_special.htm


    Entrevista para os leitores espanhóis publicadas em fevereiro de 2012 no volume 3 do Kazenban da Editora Glenat.

    SPOILER (click to view)
    Fonte: Next Dimension Group
    Tradução Esp-Port: Suikyo e Google =P

    Entrevista dos leitores espanhóis a Masami Kurumada



    Em 2011, a editora Glenat espanhol, anunciou que lançaria a versão kanzenban do mangá original, e em seu site criou um concurso onde os fãs podiam enviar perguntas sobre Saint Seiya, que seriam enviadas para o próprio Masami Kurumada. Essas perguntas, com as respostas relevantes foram finalmente publicado em fevereiro de 2012, no Volume No. 3.

    Alejandro Fernandez: Qual é o segredo para Saint Seiya continuar fazendo sucesso depois de todos esses anos?
    Masami Kurumada: Seiya continua fazendo sucesso graças ao apoio que os fãs apaixonados de todo o mundo tem dado. Espero poder contar com seu apoio de agora em diante também.
    Redondo Sergio Gomez: Ele propôs ou foi você que escolheu Megumu Okada e Shiori Teshirogi para tomar conta dos desenhos de Episode G e The Lost Canvas?
    Masami Kurumada: Sim, fui eu quem encomendou os desenhos de Episode G e The Lost Canvas. Os dois artistas são grandes fãs de Saint Seiya desde a infância, e me inspiram total confiança para deixa-los desenhar as séries.
    LordVarela (Raúl Varela Gíl): Por que escolheu o Santo de Pégaso como personagem principal?
    Masami Kurumada: A imagem de Pégaso, cavalo do céu, me pareceu muito apropriada como o protagonista/herói para os leitores masculinos.
    Madoko Nin: O que mais me causou em Saint Seiya foi que Marin e a irmã de Seiya acabaram sendo pessoas totalmente diferentes... Você planejou assim ou foi uma mudança que decidiu no final?
    Masami Kurumada: No principio não tinha a intenção de que Marin e Seiya fossem irmãos. Isso só me ocorreu ao longo da historia.
    Faydum (Manuel Entrena): Agora que a constelação de Ofiúco é tão popular... Podemos esperar alguma surpresa no Next Dimension?
    Masami Kurumada: Na realidade a constelação de Ofiúco era tomada como uma das doze constelações faz pouco tempo (pode se tratar de um erro de tradução, e na realidade refere-se que "foi apresentado nos um pouco"), mas dado que a Shaina é dessa constelação, parece que vai ser difícil de sair.
    Pig_Saint Ryoga: Você se envolveu na criação da Saga de Asgard no anime de Saint Seiya?
    Masami Kurumada: A Toei Animation que preparou o roteiro original da Saga de Asgard, e o que eu fiz foi dar conselhos.
    Masindac: Quero reivindicar os Santos de Bronze "Menores". É possível que Geki, Jabu e o resto dos Santos de Bronze secundários ganhem mais destaques no futuro?
    Masami Kurumada: Sendo que o protagonista é o Seiya, será difícil para os Santos de Bronze serem protagonistas. Em qualquer caso, eles também protagonizaram varias aventuras.
    Sr_Pilgrim JJ: O que diria pra alguém que nunca leu Saint Seiya?
    Masami Kurumada: Caminho da verdade (ter fé somente na verdade e segui-la)


    -Entrevista para a revista Kami Pro em 24 de maio de 2010 (em espanhol):

    https://sites.google.com/site/saintseiyand...ro-24-mayo-2010

    _____________________

    Algumas traduções minhas:

    -Entrevista para a Kappa Magazine 80:

    SPOILER (click to view)
    Kappa Magazine é uma revista da Itália de publicação mensal. Em 1999, ela publicou uma entrevista (na verdade, foi realizada antes do ano em questão), não atualizada sobre os mais recentes projetos, mas ainda assim cheia de pontos interessantes. A entrevista foi publicada no número 80 da Kappa Magazine, de fevereiro de 1999.


    Kappa: Como foi sua vida quando criança?
    Kurumada: Quando eu era pequeno, não tinha paixão por computadores como as crianças de hoje, sempre brincava em parques ou campos, ou ia até as lojas onde se emprestavam livros. Na escola eu era um garoto normal, não era muito inteligente e às vezes brigava com outros rapazes. Um editor me disse que na escola eu sem dúvida era o chefe de uma gangue de bandidos, mas isso não era verdade, embora eu deva admitir que tivesse por vezes um comportamento ruim. Tinha quinze anos quando comecei a praticar judô; entrei no clube da escola, porém participei apenas no primeiro ano do segundo grau e depois parei.

    Kappa: A maioria das crianças pensa sobre seu futuro. Quando menino, nunca pensou que sua carreira seria a de mangaká?
    Kurumada: Eu lia muito mangás porque os amava muito. Quando frequentava a terceira ou quarta série do primeiro grau, Tetsuwan Atom era um grande sucesso, mas eu particularmente me lembro de um mangá que se chamava Iga no Kagemaru: para mim era sem dúvida impressionante. A revista Shonen Jump da época continha mangás muito violentos porque naquele tempo a moda era o Gekigá. Por exemplo, faziam esse tipo de mangá Takao Saito e Mitsuyo Sonoda. Esses dois eram os autores mais famosos naquele período. Não me agradavam os desenhos arredondados dos outros mangás, que para mim eram coisas para crianças. Quando descobri as obras do mestre Hiroshi Motomiya, decidi que deveria ser ele o meu mentor. Seu estilo me impressionara muito e tomei aquilo como o verdadeiro espírito de um mangá. Naquela época a Shonen Jump ainda não era semanal, e eu lia enquanto esperava o ramen no restaurante. Seja como for, eu não poderia esquecer as páginas a cores e os desenhos daquela revista e, se eu não a tivesse visto, certamente nunca teria pensado em me tornar um mangaká.

    Kappa: O senhor começou a desenhar profissionalmente como muitos de seus colegas, trabalhando primeiramente como assistente?
    Kurumada: Quando criança eu escrevia mangás assim como faziam os outros rapazes, porém quando comecei a sério (e isso aconteceu antes que terminasse o segundo grau), eu não sabia absolutamente nada sobre as técnicas do mangá e buscava constantemente um aspecto interessante para as histórias; a minha filosofia era criar uma história tão emocionante quanto as que fazia o mestre Hiroshi Motomiya com seu estilo duro e áspero: suas histórias eram bastante violentas e cruas, mas muito intrigantes. Queria ser como ele, e foi então que tomei a decisão final. Naquele tempo eu frequentava a terceira série do segundo grau e quando soube que a Shonen Jump havia lançado um concurso para jovens autores, decidi participar criando minha primeiríssima obra. Enquanto a escrevia eu pensava que ninguém era tão capaz quanto eu, mas não só não venci como também não cheguei nem mesmo ao terceiro lugar. Logo eu fui para a editora pedir esclarecimentos em relação a minha exclusão e então encontrei um editor procurando por um assistente para Samurai Giants, e ele me perguntou se eu queria entrar naquele trabalho. E foi assim que comecei a trabalhar como assistente de um profissional. Isso aconteceu cerca de quatro meses antes do final do ensino médio.

    Kappa: Então, trabalhando como assistente você foi capaz de refinar aquela experiência, que o levou a se tornar depois um verdadeiro profissional?
    Kurumada: Naquela época eu não sabia o que significava fazer histórias em quadrinhos, não sabia o que eram as texturas, assim como várias técnicas eram completamente desconhecidas para mim, então eu me impressionei muito quando o trabalho começou. Lembro-me de uma vez em que, quando eu estava escrevendo as letras de um mangá ambientado no mundo do beisebol, tive que escrever a onomatopéia "Woooo"; o fiz porque pensei que fosse melhor assim. Meu mestre ficou muito impressionado com o fato, mas, vista a minha naturalidade na transgressão de suas instruções, não se aborreceu minimamente. Quando trabalhava como assistente, uma vez chegado em casa, eu me ocupava da escrita de uma obra que queria apresentar para a editora. Naquele momento eu estava de férias em Shakuji (uma área do distrito de Nerima, em Tóquio; nota do editor) e morava sozinho. Meus pais achavam que eu iria voltar para casa imediatamente porque o aluguel era tão alto que não era possível pagá-lo com o salário de um assistente, mas, apesar do volume de trabalho, também tinha um emprego em meio período, e então podia pagar as despesas. Meu debute veio aos vinte anos com Sukeban Arashi, depois de ter sido assistente por dois anos e meio.

    Kappa: Sendo essa a obra que assinalou sua estreia ela devia ser muito querida...
    Kurumada: Isso mesmo! Aquela obra contaria as aventuras de um garoto, tendo como inspiração Otoko Ippiki Gakidaisho, do mestre Motomiya. A história do personagem seria focada principalmente nos eventos escolares, mas naquela época existiam já muitas assim, e por isso optei por uma protagonista que se comportava como um menino. Eu queria estrear o mais rápido possível na Shonen Jump e pensei que uma história muito bruta, mas concebida com o estilo dos mangás shojo, poderia ser muito forte. Eu queria que fosse lida tanto por homens quanto mulheres. As cartas dos fãs deram razão para mim, e venci um prêmio dos leitores, que eram em sua maioria garotas. Infelizmente durante o período em questão houve problemas com a Arábia Saudita (período chamado de "Oil Shock"; nota do editor), tendo eu que terminar às pressas meu mangá, porque a Shonen Jump diminuiu drasticamente o número de suas páginas (por causa da crise a revista tinha se tornado muito custosa; nota do editor), e consequentemente meu mangá foi encurtando cada vez mais, até sua suspensão definitiva. Tudo isso foi muito triste para mim: eu nunca mais voltaria a terminar aquela história.

    Kappa: Após o debute seus mangás tornaram-se cada vez mais fortes e dinâmicos, em especial Ring ni Kakero, que alcançou um grande êxito que lhe permitiu tornar-se um autor regular da Shonen Jump. E assim teve início sua “idade de ouro”?
    Kurumada: Por causa do término de Sukeban Arashi, passei todas as minhas energias para a criação de Ring ni Kakero. Enquanto eu o escrevia pensava que o boxe não deveria ser o mais importante, e que o era muito mais fazer emocionar os leitores. Eu queria fazer um verdadeiro e próprio Mangá Nekketsu (literalmente, mangá ardente capaz de proporcionar emoções fortes; nota do editor), por isso os combates dos personagens ultrapassaram o conceito do boxe tornando a obra muito mais semelhante a um mangá de super-humanos. Eu pensava que estaria bem assim, e de fato todas as minhas outras obras têm esse aspecto, mudando apenas os protagonistas. Uma vez pode ser um boxeador, outra vez um ninja ou o líder de uma gangue de garotos. Em Ring ni Kakero realmente me esforcei muito escrevendo os roteiros, porque eles são importantes para determinar o sucesso de um mangá. Pensava que era a coisa mais importante. Na Shonen Jump eram quarenta ou cinquenta as obras que haviam atingido mais de 50 episódios. Era muito difícil continuar a publicar naquela revista, e todas as semanas eu precisava contar com o prêmio dos leitores pela melhor história: se não vencesse toda semana certamente perderia o trabalho. Era bastante cansativo, porém a única maneira de existir como mangaká.

    Kappa: Depois de Ring ni Kakero seus mangás começaram a desfrutar de grande popularidade e você se dedicou a duas outras obras: Fûma no Kojirô e Otoko Zaka. Também nesses dois casos conseguiu criar um Mangá Nekketsu?
    Kurumada: Quem trabalha no mundo dos mangás diz que depois de se ter conseguido realizar uma grande obra, a seguinte não vai desfrutar da mesma popularidade. Mas se obter o sucesso merecido, então um mangaká pode ser considerado um verdadeiro profissional. Depois de Ring ni Kakero fiquei com medo de não obter sucesso, mas felizmente eu tinha ideias claras sobre três histórias: uma era Fûma no Kojirô, a segunda era Otoko Zaka e a terceira era uma sobre o sumô, mas eu tinha muitas dúvidas quanto à última e assim decidi abandoná-la. Fûma no Kojirô e Ring ni Kakero são muito similares porque ambos falam de lutas. No segundo os combates tinham lugar em um ringue com o auxílio dos guantes, enquanto no primeiro os personagens se vestiam com uniformes escolares. Após Fûma no Kojirô me foi natural realizar Otoko Zaka (que ainda considero como o meu trabalho mais emocional) e posso dizer que me tornara um mangaká para criar exatamente uma história daquele gênero. Desde o meu debute eu queria escrever uma história assim e por isso estava muito contente por ter conseguido. Mas infelizmente Otoko Zaka não teve o sucesso que esperava.

    Kappa: Depois de Otoko Zaka, porém, você finalmente conseguiu criar um mangá formidável capaz de tocar quem o lia. Com Saint Seiya atingiu esse objetivo?
    Kurumada: A ideia inicial de Saint Seiya era simples, só mais tarde foram incorporados os vários elementos tomados da mitologia grega. Desejava criar uma história semelhante à de Karate Kid, mas eu queria que os combates tivessem algo especial, algo realmente pirotécnico, e por isso pensei nas armaduras, o que me permitiu também inserir a mitologia. No início, eu e meus colaboradores pensamos em iniciar o mangá com uma cena em que Seiya, caindo do céu, se precipitava em uma localidade montanhosa japonesa e aí era socorrido por dois jovens (um homem e uma mulher). Pensando bem, a cena parecia bem ridícula, e decidimos deslocar o local da situação para a Grécia. O título da série era para ser Ginga no Rin (Rin da Galáxia), mas pouco depois o mudamos para Sei Senshi (Guerreiro das Estrelas); contudo, neste caso nem todos estiveram de acordo e optamos por Seitoshi, que se relacionava com a palavra inglesa Saint. O nome do protagonista mudou para Seiya, que era para significar Flecha Santa, mas no final demos-lhe o significado de Flecha das Estrelas, deixando a pronúncia inalterada, porém mudando o primeiro ideograma que compunha o nome (os ideogramas de Santo e Estrela se pronunciam da mesma forma, ou seja, Sei; nota do editor).

    Kappa: Saint Seiya não era apenas uma grande obra, continha também muitos elementos verdadeiramente inovadores como armaduras e o uso da mitologia. Os leitores da série eram muito numerosos, por isso podemos dizer que com esse mangá o senhor deixou sua marca.
    Kurumada: Depois de ter escolhido o protagonista, os outros personagens saíram facilmente: Seiya é um personagem capaz de provocar fortes emoções, o verdadeiro protagonista de um Mangá Nekketsu, Hyoga é um sujeito tranquilo, enquanto Shiryu é o típico garoto bom e gentil. Logo há Shun, que é muito gracioso, enquanto Ikki é solitário como um lobo. Todos os nomes dos personagens têm um sentido. Hyoga, por exemplo, significa Ilha de Gelo, e nós japoneses usamos o termo inglês Cool para descrever um personagem calmo. No início a Cloth do protagonista seria semelhante ao kesa (o traje tradicional dos monges budistas; nota do editor), mas quando decidimos inserir a mitologia grega mudamos também isso em particular. Para Saint Seiya era muito difícil definir os roteiros; por exemplo, eu não tinha muita familiaridade com a ficção científica e animação, me era difícil pensar como deveriam ser as armaduras, e meu editor me dava ideias que não me agradavam. Sua ideia era criar um personagem nascido em uma família que praticava artes marciais e que um dia, voltando para casa, encontrava seu pai assassinado. Essa história me pareceu ridícula e banal, portanto a descartei imediatamente e optei pelo uso da mitologia. Em seguida foi fácil definir as situações, a história e os personagens, e até mesmo as armaduras e armas foram criadas naturalmente.

    Kappa: O senhor cria histórias para entreter o público com fortes emoções, e portanto o público espera isso de outras obras suas como com Saint Seiya.
    Kurumada: Era muito difícil continuar a escrever na Shonen Jump porque, estando em constante concorrência com artistas mais jovens, eu tinha de continuar a oferecer histórias com o mesmo poder e com novas ideias. Ser mangaká significa ter muita imaginação, e para os jovens é certamente mais fácil entrar nesse mundo, porque não tendo uma condição econômica estável e tendo muitos pensamentos quanto a seu futuro, eles podem usar a imaginação com mais liberdade: posso dizer que eles vivem constantemente no mundo da imaginação. Por outro lado, alguém que obteve um grande sucesso e consequentemente possibilidades econômicas tem muito menos estímulos para cultivar a própria imaginação. Por exemplo, na concepção de Ring ni Kakero eu era jovem e usei todas as minhas forças para fazer o meu melhor. Com Saint Seiya, no entanto, foi muito diferente, porque o seu sucesso havia sido planejado também por outras pessoas, então não foi apenas uma ideia minha. Se eu não tivesse tido a ajuda dessas pessoas, provavelmente teria se tornado outro tipo de obra. A meu ver, porém, fazer um mangá não é uma forma de enviar uma mensagem para poucas pessoas, e Saint Seiya foi planejado para fazer sucesso em grande escala. Na Shonen Jump sempre foi essa a filosofia e a minha é similar. No futuro certamente escreverei outro mangá com a mesma filosofia.

    Kappa: Mestre Kurumada, você tem algum sonho para o futuro?
    Kurumada: Em uma obra intitulada Mabudachi Jingi eu disse: “Existe um sonho que só pode ser visto pelas crianças; quando se tornarem adultos não o poderão ver uma segunda vez”. As crianças podem sonhar em voar no céu como pássaros, e gostaria de poder escrever um sonho como esse.


    -Entrevista para a Animeland (?)/2003:

    SPOILER (click to view)
    Esta é uma entrevista a Masami Kurumada que apareceu na revista especializada francesa Animeland, pouco antes da saída do filme Saint Seiya Tenkai-hen Josô – Overture. Devido ao contexto, algumas perguntas são específicas para o público francês.


    Animeland: Suas obras estão na mesma linha das criadas por Ikki Kajiwara. É um gênero em que você se reconhece?
    Kurumada: Sim, eu sou um grande admirador deste estilo de narrativa. A abnegação, a superação de si mesmo, uma amizade impossível de se vencer...

    Animeland: Sim, mas frequentemente esse gênero de histórias é muito doloroso e com finais tristes...
    Kurumada: É verdade. Toda grande história, se ela mostra seus heróis lutando até a morte, tem muitas vezes um desfecho dramático, que pode ser também a própria morte...

    Animeland: Seus personagens de Saint Seiya conheceram um grande sucesso na Europa. Como o senhor explica isso?
    Kurumada: Penso que se uma história é envolvente, com personagens consistentes, terá sucesso. A noção de "herói" é comum a todas as culturas.

    Animeland: Seus protagonistas de Saint Seiya têm todos seus notáveis "complexos". Isso não é típico dos heróis, não é?
    Kurumada: Vocês sabem que no começo, quando eu trabalhava na trama de Saint Seiya, Atena não existiria. Cada personagem tinha seu "projeto" próprio e devia encontrar a sua "Atena". Como vocês mencionaram, de fato, meus personagens têm complexos mais ou menos significativos, que condicionam suas vidas. Todos devem saber como resolvê-los, mas isso pode ser difícil de compreender para os leitores da Shônen Jump, que são na sua maioria jovens. Para isso, se desenvolveu o personagem de Atena.

    Animeland: O senhor faz parte do movimento Nekketsu (histórias de aventura com personagens que têm relações de amizade e lealdade; nota), porém agregou a suas histórias um toque muito pessoal.
    Kurumada: Penso que há um toque de elegância que não se consegue encontrar no mangá de Ikki Kajiwara ou de Hiroshi Motomiya. Acho que a pesquisa que fiz sobre os nomes das técnicas, armaduras, universo dos personagens etc, teve um peso enorme sobre o público e permitiu à história conquistar também uma ampla audiência feminina, que outras obras do mesmo género não têm, por exemplo. Sempre uso minha atenção, desenhando, para fazer que o meu mangá dê uma ideia de beleza estética.

    Animeland: Falando de elegância... em suas histórias desempenham papéis importantes também personagens femininos, ainda que o universo de seus personagens seja predominantemente masculino.
    Kurumada: É verdade. Minhas histórias são Nekketsu, histórias em que os duelos de homem contra homem são a regra, mas um dos temas recorrentes do gênero é a história de amor. No momento mais difícil da batalha, a doçura de um personagem feminino, ou até mesmo o rigor moral dos conselhos de um mestre, também do sexo feminino, pode desempenhar um papel importante para o herói, permitindo-lhe superar-se.

    Animeland: Falemos de Saint Seiya. Em 2002-2003 se viu o retorno de nossos heróis depois de mais de dez anos de ausência. E mais uma vez, houve um grande sucesso. Por isso, se poderia prever um retorno de Saint Seiya em versão mangá?
    Kurumada: Saint Seiya era um mangá muito, muito desafiador para mim. Desenhar todos os dias os personagens com armaduras cada vez mais complexas me privava completamente da minha energia. Detive-me após Hades porque não podia mais.

    Animeland: Então nada de Tenkai-hen, em que nossos Guerreiros Sagrados se oporiam ao reinado de Zeus, para um grande final?
    Kurumada: Zeus não deve ser o capítulo final de Saint Seiya. Nas minhas intenções, eu queria terminar a história com os dois deuses que deram origem à humanidade, Gaia e Cronos, genitores de todos os deuses. Mas redesenhei um pouco de Saint Seiya por causa do lançamento, em fevereiro próximo, do novo filme. Trata-se de uma dezena de páginas, acho, a ser lançada pouco antes da estreia do filme. Eu estou desenvolvendo, no momento, o roteiro do filme.

    Animeland: Como foi a sua colaboração com Shingo Araki?
    Kurumada: Muito boa. O senhor Araki deu uma grande força visual para a saga de Seiya. Seus trabalhos em Seiya e em Kojirô, no passado, me encantaram e por isso pedi sua cooperação para os OVAs de Hades, esperando obtê-la.

    Animeland: Onde encontra a inspiração para desenvolver os personagens de seus mangás?
    Kurumada: Eu sou inspirado por alguns personagens de mangás que li no passado, mas também por personagens ou ambientações de certos filmes. Por exemplo, me agradam muito os filmes sobre yakuza feitos pelo vilipendiado Kinji Fukasaku. Sua saga se chama Jingi Naki Tatakai (guerreiros sem honra). Também adoro a saga de Parrain.

    Animeland: Mas os heróis dessas histórias são bastante perversos...
    Kurumada: Sim, no entanto, eles têm certa grandeza. Com efeito, no contexto da história, são muito elegantes. Há certa graça e beleza nesses filmes.

    Animeland: Em outubro de 1990, o sucesso de Saint Seiya era grande na França, e não por acaso você foi entrevistado por um programa francês (Le Club Dorothee).
    Kurumada: De fato, certa manhã chegou uma demanda à minha casa editoral, Shueisha, da parte de um programa francês, que me pediu uma entrevista por telefone simplesmente porque a série ia muito bem com eles. Devido ao fuso horário diferente, fizemos a entrevista no meio da noite. Dessa forma, porém, pude conhecer um pouco do francês e dos episódios transmitidos no seu idioma.

    Animeland: Saint Seiya está sendo transmitido nos EUA. Em que isso lhe faz pensar?
    Kurumada: Há alguns anos, na minha mesa chegou um projeto de um filme live-action... Hollywood tinha produzido um "piloto" de quinze minutos. Mas o espírito da série não foi respeitado. As imagens e a realização fizeram pensar em uma espécie de “Tartarugas Ninja”, os nomes haviam sido mudados, etc... o projeto foi abandonado antes que pudesse dar resultados satisfatórios.

    Animeland: Além da série Ring ni Kakero 2, que está escrevendo e desenhando em pessoa, no ano de 2002 você iniciou a série Saint Seiya Episódio G, desenhada por Megumu Okada, e uma nova saga de Fûma no Kojirô, desenhada por seu discípulo Satoshi Yuri. Pode nos contar mais sobre esses dois projetos?
    Kurumada: Eu realizo um papel de supervisão, mas os mangakás são totalmente livres para desenvolver a história. Megumu Okada faz um trabalho realmente impressionante, conseguindo saber impor um estilo e uma história muito fortes. Satoshi Yuri é muito consciente e trabalha com seriedade. Sendo meu discípulo, trabalha em meu próprio estúdio, então eu posso me gabar de cuidar de seu trabalho em Kojirô mais do que do feito em Episódio G.

    Animeland: Seus atuais personagens são grandes viajantes. O protagonista de Ring ni Kakero 2, Rindo Kenzaki, viaja à Itália e à França. Da mesma forma, Seiya e seus companheiros viajam muito. O senhor também faz o mesmo?
    Kurumada: Pouco, infelizmente. Meu trabalho não me deixa muito tempo para viajar.

    Animeland: Você gostaria de ir encontrar seus fãs no exterior?
    Kurumada: Naturalmente, seria uma experiência muito interessante. Pode ser que, quando esteja menos ocupado, visite-os na Europa...

    Animeland: Uma mensagem a todos os fãs franceses?
    Kurumada: Eu quero agradecer a vocês por me apoiarem durante todos esses anos e espero poder ter o seu incentivo também no futuro. Graças a vocês, pude ver que os heróis não conhecem fronteiras, e que apesar das diferenças culturais uma boa história pode interessar tantas pessoas.


    -Entrevista Artbook Sora:

    SPOILER (click to view)
    Esta “entrevista” (seria melhor dar-lhe a denominação de “conversa”) com Masami Kurumada foi publicada no livro especial de ilustrações Saint Seiya Masami Kurumada Illustrations Sora, em 2004, lançado por ocasião do seu trigésimo aniversário como mangaká. A entrevista fornece informações interessantes sobre o início de sua carreira e os motivos que o inspiraram a criar Saint Seiya e outros trabalhos.


    Masami Kurumada nasce em 6 de dezembro de 1953 em Tóquio. Na juventude é um rapaz perfeitamente normal, que brinca com seus amigos no parque ou à beira da estrada e que compra e lê o que é vendido em livrarias. Em particular, o que o jovem prefere são os mangás.

    “As histórias que preferia quando jovem eram duas de Mitsuteru Yokoyama, Iga no Kagemaru e Tetsujin 28 Gô; eram obras que os meninos da época gostavam de ler mais do que qualquer outra. Mais tarde, quando eu cresci, pus os olhos pela primeira vez na revista Shônen Jump, que ainda não era semanal”.

    Seu encontro com Shônen Jump, que em um mangá se poderia chamar destino, permitiu-lhe conhecer diversos mangakás, um dos quais lhe causou uma forte impressão: Hiroshi Motomiya.

    “A obra de Hiroshi Motomiya teve um impacto impressionante sobre mim; o título era a cores, e ao virar a página havia um efeito de fogo. ’Isto é um mangá!’, disse a mim mesmo. Não era um mangá de trato infantil e também tinha uma história deveras dramática, que me impressionou muito. É muito provável que, se naquela época eu não tivesse lido Otoko Ippiki Gaki Daishô, conhecendo Mankichi Togawa e recebendo aquelas influências... eu não teria me tornado aquele tipo de mangaká”.

    Otoko Ippiki Gaki Daishô foi publicado em 1968 na Shônen Jump, com grandes resultados para Hiroshi Motomiya. O protagonista, Mankichi Togawa, só com seu punho e extraordinária coragem, reúne e guia bandos de jovens delinquentes por todo o país, e o tema principal do mangá são exatamente esses tipos de bandos. Quando Kurumada iniciou a escola militar secundária, não poderia imaginar que aquele mangá iria mudar sua vida. Algum tempo depois, ao final de seu terceiro ano na escola secundária, o jovem Kurumada decidiu ir à busca de seu novo caminho.

    “Minha escola secundária era paga regularmente, de modo que quase todos os alunos pensavam em continuar os seus estudos indo à universidade. Ao ver isto perdi o desejo de estudar, ainda que todos os meus colegas de escola tivessem se formado em ordem dispersa. Eles o fizeram em universidades como Waseda e Keiô. Em seguida abriram uma empresa, se casaram com estudantes da mesma ou de outra universidade, compraram uma casa por vários milhões de ienes e passaram suas vidas pagando empréstimos... Eu pensei: ‘A vida de uma pessoa é essa?’. E ao mesmo tempo me disse: ‘O que eu tenho de diferente das pessoas comuns?’. ‘Nada’, pensei, ‘exceto o fato de amar mangá’. Foi naquele momento, de repente, que decidi me tornar um mangaká, e até então eu nunca pensara seriamente sobre isso. Pensando agora, porém, foi muito notável que pudesse entrar naquele mundo e entender como era realizado aquele trabalho”.

    A história da impetuosa luta pelo poder de Mankichi Togawa em Otoko Ippiki Gaki Daishô era a mesma que Kurumada, em sua juventude, queria construir para si mesmo... Em seguida, Masami Kurumada envia seu trabalho para a Shônen Jump, revista que publicava a obra de Motomiya.

    ”O primeiro trabalho que enviei foi uma breve história a cores feita durante as férias de verão do meu terceiro ano da escola secundária, cuja trama envolvia novamente as gangues juvenis e era certamente muito influenciada por Otoko Ippiki Gaki Daishô. O editor que viu meu trabalho me informou que o assistente que trabalhava em Samurai Giants não era suficiente e que poderia desempenhar eu esse papel, usando-o como uma espécie de treinamento para se tornar mangaká. Quando entrei no estúdio, fiquei surpreso ao ver as imagens preparatórias; pensava que todas as texturas do mangá tinham que ser desenhadas à mão. Quando olhei os esboços feitos à mão, eu pude ver que as texturas eram aplicadas sobre a mesa e pensei: ‘Bem, então eu posso fazer isso também!’. Naquele momento, sem ter as noções básicas de mangaká, percebi o trabalho que pretendia apresentar. Enquanto fazia meu trabalho de assistente, eu também tinha um emprego em meio período e, nas horas vagas, comecei a ilustrar uma história minha para em seguida enviá-la à Shônen Jump”.

    “Depois de ter sido assistente por cerca de dois anos, finalmente publiquei o meu primeiro mangá, Sukeban Arashi. A ideia era a de tornar-me independente, mas eu certamente não poderia esperar decolar com aquela história; o meu caminho no mundo do mangá, na verdade, começou com Ring ni Kakero”. Kurumada fala sobre seu primeiro grande sucesso, Ring ni Kakero, desta forma: “Eu ainda estava definindo o meu estilo e quando o observo agora, do ponto de vista artístico do desenho, me sinto muito inseguro. Sem dúvida, entrar no mundo profissional e repentinamente começar a desenhar significa uma série de coisas, como um aumento da popularidade, das recomendações do editor e dos comentários dos leitores... Mas, por outro lado, quando uma pessoa está focada no projeto não lhe importa muito aquilo que está acontecendo ao redor. Eu dizia a mim mesmo: 'Se eu me sinto bem, isso é suficiente!’ ”.

    “As primeiras dúvidas e problemas começaram a vir-me durante a primeira fase de Ring ni Kakero, como pude ver pelos comentários e perguntas dos leitores também. A primeira parte da série não alcançou grande popularidade, porém... A partir de quando nasceu em mim a ideia do Boomerang Hook, minhas dúvidas e minha hesitação se dissiparam. Além disso, eu tive uma grande resposta dos leitores e pensei que com apenas uma ideia tinha mudado tudo“.

    O toque final dos protagonistas eram, na minha opinião e segundo o senhor Kurumada, sem dúvida as técnicas especiais. A ideia das técnicas especiais que no futuro influenciariam muitíssimo as obras do senhor Kurumada. Foi trabalhando em Ring ni Kakero que o senhor Kurumada percebeu quão importante é o significado do nome de um mangá.

    “Naquele tempo, embora eu pensasse o contrário, todos me diziam que se não tivesse êxito súbito não seria capaz de tornar-me um mangaká. Certo, são muitas as pessoas que sabem desenhar, não? E melhores que eu, tantas como as estrelas do universo. No entanto, ninguém pode me tirar da cabeça que um mangá é ‘só nome’, e que este ‘nome’, na linguagem do mangá, é o próprio desenho. Cada mangaká tem seu estilo e antes de publicar alguma coisa, um pequeno tomo ou o que quer que seja, deve compreender como dividir cada cena, como distribui-las, como fazer transparecer as emoções, que onomatopéias utilizar, etc. E essas coisas, em conjunto, definem o seu nome. Com base nisso, se fala com o editor e se define o enredo, e quando ambos estamos convictos do resultado tem início a realização da obra”.

    “Quando percebi que grande parte de um mangá está no ‘nome’, e isso aconteceu enquanto fazia Ring ni Kakero, eu também compreendi que o ‘nome’ é algo bem diferente da história. Deveria ser capaz de pensar em como convencer o leitor a virar a página rapidamente, porque uma boa ideia como o Boomerang Hook, sem um ‘nome’ adequado, não era suficiente. O ‘nome’, para mim, era o que garantia um impacto sobre o leitor, como havia acontecido comigo com Otoko Ippiki Gaki Daishô; era o que o fazia mudar de página”.

    No estúdio de trabalho do senhor Kurumada, há um cômodo chamado Quarto do Nome, no qual o senhor Kurumada se retira para pensar no ‘nome’ de uma obra; sem ter terminado essa prática, não começa a trabalhar. Enquanto o senhor Kurumada permanece isolado nesse quarto, não permite entrar nenhum assistente ou editor e não recebe chamadas telefônicas. Poderíamos chamá-lo um santuário.

    “Sem dúvida, o que me ocupa mais tempo é a busca do ‘nome’. Quando está quase no fim do tempo de entrega e as ideias não vêm, talvez havendo um só dia para concluir o trabalho, me tranco no meu quarto dedicado ao ‘nome’ e o crio. Depois, já tendo o ‘nome’, eu começo o trabalho e o termino em cerca de vinte horas. E essa prática não é absolutamente alterada, nem mesmo agora”.

    Podemos, portanto, dizer que o ‘nome’ é a própria vida do mangá, e que o estilo criativo do senhor Kurumada é sua expressão direta.
    Quando Masami Kurumada procura lembrar seu passado, antes de começar com Saint Seiya, fala de Otoko Zaka e então finalmente começa a narrar sobre Saint Seiya.

    “Depois de Ring ni Kakero, todos os personagens de minhas obras possuem invariavelmente uma técnica especial; a única exceção é Otoko Zaka, que não por acaso ficou inacabada.” Em Otoko Zaka os personagens não têm técnica nem estilo, e, após a interrupção desse trabalho, Kurumada começou a trabalhar em Saint Seiya.

    “Quando comecei a concebê-la, tive grandes dúvidas resultantes da inconclusão de Otoko Zaka. Isso porque no mundo do mangá a popularidade é tudo, e então pensei: ‘Se minha próxima obra não for bem sucedida, será o meu fim’, e ‘o próximo trabalho deve absolutamente ter êxito ‘, de modo que quando eu trabalhava em Saint Seiya tinha o firme propósito de obter certos resultados”.

    Daquele momento difícil, Kurumada fala com toda a sinceridade: “Após o colapso se geram novas energias; por exemplo, foi necessário um colapso para fazer nascer Saint Seiya. Sem dúvida, se alguém vem de criar uma obra sem êxito, e a seguinte se converte em uma obra de sucesso, não pensa de novo nas dificuldades passadas; é esse, portanto, o esforço, comparável ao de todo protagonista de um mangá de ação. O mangá é o ‘nome’, e com essa base de raciocínio eu coloquei muita atenção na criação da história original de Saint Seiya”.

    “Pus muito cuidado, em particular, no modo de desenhar as armaduras a cores, tentando garantir que elas transmitissem a essência que as caracteriza, embora no início muitas coisas desses desenhos não me convenceram.” O mangá ‘marca’ Kurumada, no sentido de grandes diferenças de concepção em relação às suas obras anteriores e de que a essência do mangá está realmente impressa no ‘nome’; o desenho das armaduras, de qualquer maneira, expõe o autor seriamente. “E como a alguém que nunca viu uma coisa, me surgiu uma questão natural: armadura? E, naturalmente, tive os meus problemas ao converter em desenhos algo que eu nunca tinha visto antes”.

    “O azul é uma cor basilar, pois pode ter muitos significados. Como um pouco de preto, um pouco de amarelo e outras; com os reflexos da luz as proteções podem assumir diversas cores. Então, experimente uma combinação e a avalie... mas quando chegar ao ponto em que você não pode voltar atrás, como se concluirá o trabalho não importa! Com respeito à cor das armaduras, a verdade é que penso que elas se criaram pouco a pouco enquanto eu desenhava. Quando levanto a cabeça na segunda metade do trabalho, tenho que me convencer dos resultados. Outra coisa que me deu problemas na colorização foram as capas e contracapas, porque eram coisas que eu queria desenhar bem, para atrair os leitores e fazê-los querer ler meus trabalhos. Assim, quando eu trabalhava em Saint Seiya, de verdade pensava seriamente sobre a escolha das cores e me emocionava imaginar como viriam, ao final, as ilustrações em que estava trabalhando”.

    Saint Seiya foi a primeira obra desse tipo; naquele período, a revista semanal Shônen Jump provavelmente não tinha intenção de publicar aquele trabalho. Kurumada pensava menos enquanto não desenhasse, o “nome” era o importante, e não os editores interessados na publicação de Saint Seiya. Sem dúvida, quando os leitores viram as ilustrações coloridas de Saint Seiya, estas lhes pareceram belas e luminosas, dando quase a impressão de ser um tesouro. Os jovens da época as conservavam em seus quartos, protegidas por uma película plástica e mantidas em exposição. Kurumada diz que gostaria que os jovens vissem as ilustrações escolhidas por ele especialmente para os fãs e publicadas em Sora, o livro especial de compilação.

    “Não são muitas as ilustrações a cores presentes em Saint Seiya, o digo sinceramente, de modo que o número total de ilustrações coloridas que existem no mangá pode ser incluído em um único volume. Mas a razão para isso é que, na época em que se publicava Saint Seiya, a editora era bastante ocupada e por isso não tinhamos muito tempo para realizar um grande número de ilustrações coloridas. Penso que seria notável poder realizar, além da capa a cores, também um capítulo de 32 páginas, por exemplo. Na verdade, quando fossem solicitadas ilustrações coloridas, acho que isso seria um indicador importante para determinar a popularidade do mangá, porque se não há popularidade não há certos pedidos desse tipo. Mas não pense que o peso do trabalho o tornava indesejável; ao contrário, sentia-me muito feliz por isso e eu jamais desistiria por causa de coisas como essa”.

    “Durante a realização de Saint Seiya, não parei um minuto de criar ilustrações e quando na recente publicação da Shônen Jump vi que havia mangakás que recusavam os esquemas a cores, justificando suas negações com o fato de que tais desenhos deveriam ser da compilação, eu me surpreendi muito. No meu tempo isso era impensável e, mesmo que fosse concedido, você se desqualificaria aos olhos das pessoas, como mangaká e talvez também como ser humano”.

    “Pouco depois do início da publicação do mangá de Saint Seiya, foi decidida a sua conversão em anime, e seu sucesso superou todos os meus trabalhos, inclusive Ring ni Kakero, da mesma Shônen Jump. Com o elevado público alcançado pela série televisiva, nasceu uma marca não registrada novamente no mercado japonês, com a série de figuras de ação pela Bandai, chamada Saint Seiya Cloth Series. Depois foram as grandes vendas do jogo para o Famicom (Nes) e o lançamento de um total de quatro filmes. Uma das razões para tal sucesso repentino de Saint Seiya é, sem dúvida, a existência das armaduras”.

    “Alguns dizem que as armaduras foram as verdadeiras invenções de Saint Seiya, mas há que recordar que existia ainda antes uma estreita relação entre os personagens e seus equipamentos. Por exemplo, em Sukeban Arashi o nunchaku usado pela protagonista, ou o Kaizer Knuckle de Ring ni Kakero. Mas até mesmo em alguns filmes famosos, como os de 007, com os acessórios usados por espiões, especialmente mulheres, capazes de retirar rapidamente uma arma escondida na saia, há cenas muito interessantes, na minha opinião, sexies e ‘de estilo’. Acho que isso me influenciou, porque quando menino me fez uma grande impressão e creio que o resultado dessa impressão podem ter sido as armaduras; antes disso, na realidade, aquele tipo de trajes eram sempre muito quadrados, como se pertencessem a robôs. No caso de Saint Seiya usei o estilo das armaduras ocidentais, mais curvosas, e também pensei em trajes que pudessem pousar sobre o corpo sem sobrecarregá-lo. Porém combinar cada armadura com o nome de uma constelação e dar à armadura a forma da constelação, pensava que poderia não ser uma coisa interessante, porque não teria relação com a história. Mas era importante”.

    “Ainda que fosse complicado, sem desanimar continuei com a minha ideia das armaduras, resultando que a tinha sempre mais em consideração! Nem mesmo entre os brinquedos havia algo similar, e da ideia de uma espécie de vestido colocado sobre os personagens passei a outro tipo de forma e imagem; e foi a ideia de Saint Seiya a recompensar, na época, mais que todo o resto”.

    Após a dissertação sobre as armaduras, Kurumada fala da visão que existe no mundo sobre a originalidade de Saint Seiya.

    “Muitas pessoas antes tinham a ideia de que se uma história era sobre o beisebol era beisebol, se era sobre o boxe era boxe, se era sobre tênis era tênis, e assim eram as pessoas a decidir a que gênero pertencia um mangá. Mas o fato de que algo fosse baseado na mitologia grega criou algo completamente novo a nível mundial. Não obstante o panorama do mangá fosse ainda direcionado para jovens, no início a recepção do público não foi muito boa; a quem me perguntava: ‘A que gênero de mangá Saint Seiya pertence?’, não podia responder uma só palavra, porque era um mangá que não se podia classificar em nenhum gênero. Sem dúvida, creio que Saint Seiya naquele momento não tinha a mesma popularidade de outros mangás de ação cheios de suor, lágrimas, lama”.

    “Existem muitos termos particulares no universo de Saint Seiya, e essas palavras foram todas criadas com um estudo muito sério: Saint ou Cloth são dois tipos de palavras inventadas, e isso significa que as criei eu! ‘Armadura’ ou cloth é, na linguagem comum, simplesmente uma couraça, mas eu não queria que fosse algo tão comum. Além disso, os kanji ao mesmo tempo me agradaram muito; eu pensei no fato de que os deuses gregos vestiam mantos brancos, e daí nasceu a ideia do manto ou do traje sagrado, que se podia escrever com dois kanji. A leitura desses dois kanji é KUROSU, porque manto em inglês se escreve CLOTH”.

    “O Cosmo é, em suma, uma espécie de energia, uma forma de ‘elevar a própria energia’ ou de ‘sentir vontade de lutar’. A partir daí fiz a frase 'elevar o Cosmo' ou 'sentir o Cosmo’. Mais precisamente, em um documentário televisivo no qual se afirmava que ‘o corpo de uma pessoa é um pequeno universo’. E então pensei: ‘Essa é uma boa ideia, falar de um pequeno universo e chamá-lo Cosmo’”.

    “Eu pensei muito seriamente os nomes das técnicas especiais, e o editor me deu ideias a respeito várias vezes; penso que isso havia dado certa ‘elegância’ a Saint Seiya, porque se fosse um simples mangá de ação faria simplesmente suor e mais suor, o que não seria recebido de modo especial pelos jovens. Portanto, eu pensei em opções que tornassem atraentes até mesmo as derrotas; se são simplesmente derrotados, não há graça alguma, mas se o são com algum estilo, então isso se torna interessante, e por isso optei por esta forma de ‘elegância’. E nisso, eu creio que a influência do anime foi grande, porque o trabalho de Shingo Araki como character designer foi realmente importante, visto que tudo que Araki toca fica elegante e muito original. Adaptava-se perfeitamente, em suma, à minha visão do mundo de Saint Seiya!”

    Essa particular visão de mundo gerada por Saint Seiya ultrapassou as fronteiras do Japão e obteve uma valorização a nível mundial.

    “Agora que eu penso, é uma visão do mundo totalmente nova... os Sagrados Guerreiros, as armaduras, o Cosmo, foram todas palavras que nunca tinham sido ouvidas antes com aquele significado, e uma vez entendidas elas tiveram um impacto fortíssimo, tanto que também no exterior o perceberam. Lendo as cartas que me chegavam de meus fãs franceses ou ingleses, por exemplo, percebi que popularidade tinha obtido no exterior. Mas aqueles que haviam entendido, mais que outros, o significado daquelas palavras estrangeiras, eram os jovens japoneses que viviam na Inglaterra e na França e que quando viram o mangá publicado em francês compreenderam a grandiosidade. Acontece-me de ter fãs franceses que lêem mangás japoneses e visitam o Japão, ou fãs que, querendo ler os diálogos diretamente na língua do país de origem, estudam japonês, como também fãs que estão envolvidos com a edição local do mangá, e essa é uma grande força dos quadrinhos japoneses!”

    No momento, a única série em que Kurumada está trabalhando é Ring ni Kakero 2, publicada na Super Jump, e, ainda que o mestre também esteja supervisionando alguns outros trabalhos em papel e em anime, esse é o seu único verdadeiro compromisso.

    “Atualmente, as condições são muito boas para que possa continuar a desenhar mangá, coisa que não acontecia no passado. Ocorre que, quando eu trabalhava para a Shônen Jump, para mim não existia nada além de mangá e mangá; criar o ‘nome’ e dar-lhe forma em desenhos me tomava tanto tempo que não conseguia dormir à noite, e assim não tinha oportunidade de me encontrar com outras pessoas não relacionadas ao mundo dos mangás. Mas agora, com Ring ni Kakero 2, considerando que é publicado a cada duas semanas, eu tenho uma semana de tempo para criar o ‘nome’ e traduzi-lo em desenhos e uma dedicada a outras pessoas, a beber ou qualquer outra coisa, e posso ver qual é a diferença entre o dever e o prazer. E então, visto que eu adoro bastante luta livre, assim como ir ver os encontros, conheci até lutadores”.

    Quase todos os lutadores jovens, de 20 a 30 anos de idade, que atualmente exercitam sua profissão, são da geração que cresceu lendo os mangás de Kurumada.

    “Sinceramente, me sinto feliz de saber que quando eu desenhei as minhas histórias influenciei alguém, bem como de receber elogios para meus mangás. Isso também porque, quando desenhava, era difícil que um mangaká ou um editor pudesse ter um relacionamento direto com o público, e as cartas dos fãs e os esporádicos encontros com os leitores não me conferiam muito”.

    “Eu realmente não tinha uma oportunidade concreta para pedir aos garotos que liam mangás para me dizer se aqueles quadrinhos os emocionavam ou que sensações lhes causavam, e estou surpreso que agora alguns cresceram e, por causa de Kurumada, ficaram impressionados ao ponto de se tornarem lutadores! De verdade sinto a força da influência dos mangás, tanto que pareço ficar mais forte cada vez que desenho um”.

    E dentre esses lutadores, Kazushi Sakuraba da Pride merece uma menção à parte.

    “Acredito que o Hurricane Bolt de Sakuraba seja grandioso e quando vi o vídeo de seu desafio na final com Hoice Gray Sea, era como se o Ishimatsu que eu tinha desenhado no passado houvesse se transformado em realidade!”

    Sakuraba declarou que a técnica final contra Hoice era mesmo o Hurricane Bolt e disse que, depois disso, iria reler Ring ni Kakero para pensar sobre a técnica especial seguinte.

    “Além dos lutadores, falei com muitos outros fãs que leram meus mangás, uma geração que agora, tendencialmente, tem um lugar privilegiado na sociedade, visto que os masamistas são aqueles que de dia trabalham nos respectivos lugares de treinamento! (risos) Ao conversar com eles, pude aprender que os meus mangás tiveram um impacto significativo sobre eles, e que esse impacto fê-los refletir sobre si mesmos, tornando-os indubitavelmente mais convictos de suas próprias possibilidades. Agora que trabalho em Ring ni Kakero 2, essa influência é sentida bem, e além disso eu me ponho a pensar em como poderei dar um appeal aos meus trabalhos. Isso sem discutir, porque quando bebemos e falamos intuo qual poderá ser o futuro de meus mangás!”

    Kurumada nos fala contente de como os fãs que eram crianças na época de seus mangás são agora adultos e lhe contam como suas obras tinham dado a eles grande energia. Isso porque no passado os desenhos serviam para dar appeal e energia à geração que atualmente detém as rédeas da sociedade, e essa energia está novamente animando os mangás de Kurumada.

    “Dizem-me que no Japão os fãs cresceram como lutadores, enquanto na França tornaram-se editores de mangá, mas de todo modo isso significa que fui um professor deles!” (risos) É isso que Kurumada diz com um sorriso de orelha a orelha. Finalmente, visto que Kurumada está nos contando sua vida como mangaká ele próprio, por ocasião do seu trigésimo aniversário de exercício como tal!

    “Trinta anos se passaram desde então, mas deve-se dizer que um trabalho de publicação semanal passa rápido como um ‘ah!’, então só posso dizer que este período passou muito rapidamente, de semana em semana. No entanto, ainda que tenha passado tão depressa, se me pedissem para repetir aqueles ritmos de trabalho para os outros, não creio que eu seria capaz. Eu acho que é muito melhor desenvolver uma atividade laboral intensa para jovens, quando se pode decidir sobre qualquer coisa, mesmo que você não seja ainda um mangaká. Os mangakás da Shônen Jump são os mais resistentes! Mas devo dizer que se não tivesse sido por aquilo que consegui criar naquele período passado, trabalhando semanalmente, agora penso que eu não estaria aqui... creio que foi precisamente graças ao trabalho semanal que resisti por três décadas sendo mangaká!”.


    5 de dezembro de 2003
    Hotel Yama no Ue, Tóquio



    ...

    Edited by Lourenço de Áries - 30/6/2013, 00:24
     
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    -Primeira entrevista ao Brasil, na revista AnnimeClub:

    kurumada


    Entrevistas dadas devido ao lançamento dos jogos de Saint Seiya para Famicon (NES), em inglês:

    -Primeiro jogo
    http://howai23.tripod.com/GB1Int.html

    -Segundo jogo
    http://howai23.tripod.com/GB1Int23.html
     
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    Adorei as -Entrevista para a Kappa Magazine 80,Animeland (?)/2003 e Artbook Sora essas que são inéditas embora a da Animeland 2003 já li trechos nela inclusive sobre Zeus não se o fim da serie =D no aguardo de mais entrevistas do Kurumada inclusive a mais recente talvez a da Kami Pro e será que rola uma Biografia Completa do Próprio?
     
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    Enquanto um pessoal aí vive dizendo q espera pela saga de Zeus e etc, Kuru deu essas entrevistas contrariando isso. Aliás, apontou q gostaria de fazer uma saga final com Gaia e Cronos... opa, será q ele realmente ñ esqueceu do q disse e, portanto, ñ seria à toa q o deus do tempo aparece em ND? XD
     
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    QUOTE (Suikyo @ 25/4/2012, 00:31) 
    Adorei as -Entrevista para a Kappa Magazine 80,Animeland (?)/2003 e Artbook Sora essas que são inéditas embora a da Animeland 2003 já li trechos nela inclusive sobre Zeus não se o fim da serie =D no aguardo de mais entrevistas do Kurumada inclusive a mais recente talvez a da Kami Pro e será que rola uma Biografia Completa do Próprio?

    Olá, obrigado.

    Sim, a da KamiPro parece ser a mais recente, do fim de 2010. É larga e ele fala de todos seus trabalhos, inclusive pela primeira vez conversa sobre Next Dimension. Existem fotos da revista:

    www.mediafire.com/?wsegoj287yw1647

    Não adicionei ao tópico porque infelizmente não há tradução.


    Ah, e sobre biografia, Kurumada tem dois livros referentes a isso. Jinsei wo Katarazu (o qual adicionei no tópico de livros dessa seção), lançado em 2004, e Jinsei wo Katarazu 2 - Raimei ni Kike, de 2009. Deste último não encontrei fotos nem scans.

    Um abraço.
     
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    Mais uma traduzida por mim, recém-saída do forno. XD


    -Entrevista para a Star Comics

    SPOILER (click to view)
    Eis uma entrevista que Masami Kurumada concedeu à editora Star Comics e que foi publicada em 2001/2002 em partes, do número 19 ao 28 da edição italiana do mangá de Saint Seiya.

    mangasg19


    1) Quando o senhor nasceu? Usa um pseudônimo ou seu nome real para assinar seus trabalhos?

    Nasci em Tóquio, em 6 de dezembro de 1953. Sim, eu uso meu nome real.

    2) Como você conseguiu entrar no mundo profissional dos mangás?

    Quando tinha 18 anos, li por acaso um número da revista Shounen Jump em que havia uma chamada de concurso para novos autores. Então eu fiz meu primeiro mangá e com isso participei da competição, mas antes desse fato nunca tivera a ideia de me tornar um mangaká. Ao final daquela história não ganhei nenhum prêmio, mas um editor me apresentou um mangaká já afirmado e aí comecei a trabalhar como seu assistente. Dessa forma também comecei a fazer meus quadrinhos, que contavam o que acontecia no estúdio onde eu trabalhava.

    3) Qual foi o primeiro mangá que leu? De quais mangás gostava quando era pequeno?

    Não lembro bem o primeiro mangá que li, mas quando eu estava no terceiro ano do ensino fundamental adorava Tetsuwan Atom (Astro Boy) e Iga no Kagemaru. Fui muito influenciado pelo mestre Hiroshi Motomiya: afinal, foram precisamente suas obras que me impeliram à profissão de mangaká.

    4) Como se intitulava a primeira história que você criou?

    Eu estreei com um mangá intitulado Sukeban Arashi. Era uma história cômica.

    5) Alguma vez trabalhou como assistente?

    Entrei no mundo dos quadrinhos sem qualquer conhecimento técnico. Trabalhando como assistente pude aprender as técnicas básicas, mas dado o meu despreparo cometi muitos erros.

    6) Como nasceu a história de Saint Seiya?

    A princípio pensei em uma história cujo protagonista fosse um rapaz que lutava com as técnicas do karatê. Em seguida estudei as cenas de luta, nas quais cada vez que um ataque era lançado apareciam relâmpagos e faíscas, e pareceu-me interessante. Depois me disseram que sem uma armadura o corpo do protagonista sofreria uma série de danos, e assim nasceu a ideia da Cloth. Mas se fosse usada no karatê qualquer armadura, o efeito seria pouco agradável esteticamente, então eu modifiquei minha ideia criando armaduras mais refinadas. Unindo todas essas ideias à mitologia grega foi possível criar uma nova história. Quando inventei palavras como Seitoshi (Saint = guerreiro sagrado) e Sei (Cloth = armadura sagrada) a história de repente começou a desenvolver-se por si só na minha mente. Após ter decidido o protagonista, os outros personagens foram criados automaticamente com a própria história.

    7) Quais são seus personagens preferidos?

    Todos os personagens dessa história eu os criei, então sou afeiçoado a todos eles, por isso não posso escolher um entre todos.

    8) Antes de Saint Seiya que outra história criou?

    Um mangá chamado Otoko Zaka.

    9) Constrói suas histórias baseando-se em suas experiências pessoais ou nos dados que coleta?

    Os personagens que crio são alter egos de mim mesmo, então eu acho que minhas experiências refletem em seu caráter, embora em poucos aspectos. Mas, em geral, enquanto eu crio uma história, não penso quase nunca em coisas do gênero, só penso em como posso torná-la mais interessante para os leitores, por isso nunca me vai ocorrer de fazer uma história em que conto apenas minhas experiências. Sobre os dados que utilizo, nem sempre acontece de coletá-los com o propósito de criar uma história, mas durante a vida cotidiana me empenho em analisar livros de arte ocidentais ou orientais, especialmente os realizados na China; depois leio romances históricos ou outros livros que me interessam.

    10) Deve ter sido muito difícil fazer a cada semana um capítulo de Saint Seiya. Pode nos falar disso?

    Trabalhar para uma revista semanal é muito duro, sobretudo criar um episódio novo semanalmente é um trabalho realmente difícil.

    11) Como você trabalha geralmente? Quantos dias você leva para fazer os storyboards e quantos dias para criar os quadros das páginas de um capítulo?

    É um segredo...

    12) Antes de mostrar as páginas a seu editor, procura conselhos de alguém?

    Para um mangaká, seu editor é o primeiro leitor, então não peço a ninguém mais, exceto ele, conselhos. Raramente me ocorre de falar das idéias que tenho para uma história em uma entrevista, mas enquanto eu penso em uma nova história, conduzo mudanças diversas, adicionando as ideias mais interessantes que me surgem mais tarde. Por isso, o resultado é frequentemente bem diferente do que eu narrara antes.

    13) Você faz alterações nos quadros quando os capítulos publicados na revista são compilados em volumes?

    As únicas mudanças que por acaso faço se resumem só aos textos.

    14) De Saint Seiya foram feitos desenhos animados e vários produtos. O que você pensa disso? Participou na produção desse material?

    Uma vez que foi minha primeira história a ser transposta para a animação, fiquei muito satisfeito. A música que foi usada como trilha sonora me ajudou a criar algumas ideias sobre como prosseguir a história em mangá. A programação da série televisiva teve início quando o mangá estava em curso, então eu não tive tempo para trabalhar nisso e deixei a cargo do staff dos animes. Mas, em relação ao primeiro filme, participei escrevendo o argumento da história e criei as Cloth dos cinco Santos inimigos.

    15) Imaginava que Saint Seiya obteria tanto sucesso? E depois disso, sua vida sofreu alguma alteração?

    Foi realmente uma surpresa inesquecível ver que a minha história teve um sucesso tão grande em todo o mundo. Foi uma experiência importante, eu mesmo participei de um programa televisivo na França, mas minha vida como mangaká não mudou muito.

    16) Em qual história está trabalhando agora? E quantos assistentes tem atualmente?

    A última história em que estou a trabalhar é Ring ni Kakero 2. O número de assistentes que utilizo depende do projeto que preciso fazer, então seu número está sempre mudando, de capítulo para capítulo.

    17) Navega na Internet, utiliza o e-mail para se comunicar, tem um site pessoal?

    Para falar a verdade, infelizmente eu não uso o computador com frequência, estão especialmente meus filhos a utilizá-lo mais do que eu.

    18) De qual quadrinista japonês, ou estrangeiro, você gosta?

    Gosto das obras do mestre Hiroshi Motomiya, mas se possível procuro ler também os trabalhos de outros autores.

    19) O que pensa do fato de que sua história tinha um público também em países estrangeiros, como França e Itália?

    Acho que o fato de que minhas histórias tenham sido aceitas onde se falam idiomas diferentes do japonês significa que a mensagem que dou é universal, e esta é definitivamente uma coisa muito agradável para um mangaká.

    20) Também lê quadrinhos europeus ou americanos?

    Busco lê-los, mas ainda não os conheço muito bem.

    21) Como passa seu tempo livre?

    Eu aprecio correr, ler, estar com minha família, etc.
     
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  7. Suikyo
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    Arigato Gozaimasu por mais uma entrevista *u* /o/
    Na torcida por mais entrevistas do Kurumada /o/
    Kurumada citou Filhos e Familia O.O
    Realmente Kurumada é bem reservado XD
     
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    Nunca tinha visto ele falar de filhos e família. Achava que ele era praticamente um ermitão, falavam até que ele era homossexual por não ter filhos nem mulher.

    QUOTE
    A leitura desses dois kanji é KUROSU, porque manto em inglês se escreve CLOTH

    Então a tradução que ele pretendia pra CLOTH é manto, e não veste, vestimenta ou armadura ou qualquer outra coisa? Se bem que gente tem que ficar meio desconfiado quando os japas se metem nos termos em inglês, porque a dificuldade deles com o idioma é notória (Main Breadwinner me vem a cabeça).
     
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    QUOTE (Rancoroso @ 7/5/2012, 09:22) 
    Nunca tinha visto ele falar de filhos e família. Achava que ele era praticamente um ermitão, falavam até que ele era homossexual por não ter filhos nem mulher.

    QUOTE
    A leitura desses dois kanji é KUROSU, porque manto em inglês se escreve CLOTH

    Então a tradução que ele pretendia pra CLOTH é manto, e não veste, vestimenta ou armadura ou qualquer outra coisa? Se bem que gente tem que ficar meio desconfiado quando os japas se metem nos termos em inglês, porque a dificuldade deles com o idioma é notória (Main Breadwinner me vem a cabeça).

    Pois é. Essa é a única entrevista em que ele cita filhos e família. É bem reservado quanto à vida pessoal, de fato. Não sei se é/foi casado, nem a identidade dos tais filhos.
    O que sei é que Kuru nunca foi santo. Ao menos quando jovem parecia ser meio devasso. hehehe

    Ricardo, veja pelo contexto. Ele falou de manto porque se referia às vestimentas dos deuses gregos, que tiveram certa influência na criação das Cloth. E, antes deles, o mestre havia pensado em fazer algo como os kesa, trajes budistas.
     
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    -Entrevista a Masami Kurumada na revista Figure Oh nº 109 de 2006

    Tradução Jap-Fra: Archange
    Tradução Fra-Port: Swob

    SPOILER (click to view)
    Entrevista a Masami Kurumada na revista Figure Oh, número 109 (fevereiro de 2006), que apresentou com exclusividade o Cloth Myth do Crystal Saint.

    Figure_ou_109

    1. Para começar, falemos sobre o nascimento de Saint Seiya.

    Os mangás que eu havia desenhado até então eram de um gênero mais brutal e cheios de suor. Então quis acrescentar um toque de elegância usando as constelações e a mitologia grega como coluna vertebral. Mas como este é só um trabalho de entretenimento, não existe um significado profundo por detrás dessa escolha. As fãs mulheres de Saint Seiya são muito presentes, mas os mangás kurumadianos continuam sendo sobretudo obras de sangue quente. Em vez de ter mulheres gritando: “Kyaah, kyaah” logo ao começar, eu tinha a intenção maior de destiná-lo aos homens que te gritam: “Cale-se!” (N.T.: como se fossem deliquentes).

    2. De onde provém o conceito das Cloths?

    A aparência provém das antigas armaduras ocidentais, porém ao invés de um aspecto quadrado, procurei dar-lhes um desenho um pouco mais curvilíneo. Creio que a mais próxima às minhas primeiras ideias é a Gold Cloth de Leão vestida por Aiolia. Muitas Cloths, frutos das discussões com meus assistentes, foram criadas umas após as outras. Foi realmente difícil. Você não pode imaginar.

    3. A Cloth de Pégaso mudou frequentemente de aparência, não é?

    É verdade. Ademais, deve-se dizer que o elmo da Cloth se parecia a um protetor de rugby depois de que Mu a reparou pela primeira vez, verdade? De fato, como esse elmo não me agradava muito, me desdobrei para fazê-lo desaparecer depois dos combates no monte Fuji (riso irônico).

    4. Entendo (risos). De qualquer forma, como você decidiu as constelações que seriam atribuídas aos personagens?

    Primeiro pensei nos personagens, depois escolhi as contelações que melhor corresponderiam a cada um. Mas foi diferente com os doze Gold Saints. Primeiro peguei as constelações e depois criei os personagens correspondentes a elas.

    5. Por que Deathmask e Aphrodite são malvados, sendo Gold Saints?

    Como os Bronze Saints tinham que atravessar os doze Templos do Zodíaco, teria sido difícil escrever uma história apenas com Gold Saints bons. De fato, penso que é mais interessante inserir alguns personagens malvados, não? Pessoalmente, acho que desenhar um personagem como Deathmask é muito agradável. Mesmo com uma atitude má esse tipo de personagem é divertido, e colocá-lo em cena é fácil.

    6. Você é bom em escolher nomes.

    A escolha dos nomes é um elemento fundamental dos Kurumangás. É necessário que os protagonistas tenham nomes interessantes, não é? Então, obviamente temos Seiya, a “flecha estelar” (risos). Em seguida vem Hyōga (N.T.: “geleira”). Creio que ninguém antes de mim havia usado essa palavra como nome. Como se trata do Saint de Cisne, eu queria dar a impressão de cisnes sobrevoando zonas congeladas. Visto que Ikki é o mais poderoso dos cinco, seu nome significa que é o mais brilhante de todos (N.T.: Ikki-> “um + brilhante”). E como seu irmão mais novo é mais emocional que ele, eu escolhi o nome Shun (“instante”, “flash”) à imagem de um breve brilho. Em relação a Shiryū (“dragão púrpura”), tinha ouvido falar que a massa de água que flui pela cascata de Lushan como uma serpente era realmente muito similar a um dragão púrpura, daí o seu nome.

    7. Entendo. Dada a enorme quantidade de personagens que aparecem em Saint Seiya, suponho que deve ter sido muito difícil decidir seus nomes e os de suas técnicas.

    De fato eu passava muito tempo alterando e realterando os nomes. Terminava os desenhos deixando OOOO no lugar dos nomes, me dizendo que iria dormir e que discutiria isso no telefone depois. Quando de verdade não me vêm ideias, sempre termino consultando meu editor-chefe e pensamos juntos. Mesmo hoje às vezes ainda o faço (risos). Na verdade, no momento da pré-publicação de Ring ni Kakero acontecia que o nome de uma técnica especial era diferente dependendo da região em que a Jump era vendida, sendo a mesma história na mesma revista.

    8. Como assim?

    Isso é porque meu editor havia mudado o nome de uma técnica sem pedir minha opinião. Ele me disse por telefone: “Veja, eu pensei que era melhor assim, então eu o mudei por você.”, a que eu imediatamente protestei: “O que você disse?!! Corrija isso!!!”. Mas como parte das revistas já haviam sido impressas, então houve exemplares contendo a velha versão distribuídos em algumas áreas, enquanto outras zonas receberam a versão corrigida. E é por isso que o nome da técnica difere de uma cidade para outra.

    9. As Jumps que não incluíram esta correção devem ter se tornado itens de colecionadores (risos). Por outro lado, não se tratando só de Saint Seiya, como você faz para encontrar os nomes de personagens e técnicas?

    Busco ideias em filmes, músicas ou livros. Mas dada a quantidade de nomes que eu usei, teria dificuldade em dizer qual foi a referência correspondente a um determinado nome. É por isso que buscar nomes me assusta agora, porque corro o risco de usar um já utilizado (risos). Um nome no qual pensei muito foi “Winning the Rainbow” de Ring ni Kakero. Este provém de um ensaio sobre a ilha de Madagascar que fala de um grande arco-íris que atravessa o continente africano. A história de um arco-íris tão imenso me tocou e é por isso que decidi escolher esse nome. Claro, eu não sei se as pessoas o chamam realmente de “Winning the Rainbow” (risos). Depois, no registro de canções, há Asuka Musashi de Fuuma no Kojirou. O título “ougon ken wo motsu otoko” (“o homem da espada de ouro”) vem de “ougon ju wo motsu otoko” (título japonês do filme de James Bond, “O Homem com a Pistola de Ouro”). A cena de abertura das portas dimensionais está inspirada no tema principal do filme “Os Diamantes são Eternos”. Estes dois exemplos são tomados de filmes de 007. Também, a cena em que Kenzaki se aproxima de Ryuuji durante a disputa final de Ring ni Kakero está inspirada na luta entre Muhammad Ali e Joe Frazier. Quando da “luta do século”, os dois combateram ferozmente, mas essa imagem transparece um sentimento de amizade. É uma foto singular que deixa uma forte impressão.

    Figure_ou_109a

    10. E agora queremos ouvir suas impressões sobre o anime de Saint Seiya. Como se sentiu quando foi confirmada a adaptação animada?

    Você quer minhas impressões sobre a música e de ver meus desenhos movendo-se, certo? Fiquei muito animado e eu estava particularmente interessado na música que seria criada. Afinal, tudo aquilo que se faz em mangás carece de música; esse é um de seus pontos fracos. É por isso que há muitos personagens que usam técnicas musicais nos kurumangás. Orfeu de Lira, por exemplo.

    11. E como foi quando você viu os episódios do anime?

    Às 7 horas da noite, tive um choque enquanto o relógio soava. Vi os personagens correndo juntos de maneira muito bem feita. As músicas de Seiji Yokoyama eram magníficas. Depois, o que pensei dos tantos Saints inventados para o anime que apareceram também? Eu achei que era uma escolha realmente arriscada (risos). Observando eu me dizia: “Isto é lixo! É lixo!” (risos). Mas penso que é esse tipo de coisas que deu personalidade ao anime, não (risos)? Porém creio que é uma coisa boa que meu mangá tenha tido uma versão animada. Ela permitiu às pessoas que não liam a Jump descobrir o mundo de Saint Seiya e também as levou a conhecer minhas outras obras.

    12. De quais animes você gosta a nível pessoal?

    Kyojin no Hoshi (1968) e Ashita no Joe (1970). Via principalmente as adaptações de mangás. Isso de criar animes baseados em mangás começou quando eu era criança.

    13. Por outro lado, há brinquedos de sua infância que você recorda em especial?

    Não. Na realidade não me compravam muitos. Quanto a meus hobbies na infância, frequentava as lojas de empréstimos de mangá e ia ver um filme uma vez por mês. Na época não havia muitas coisas disponíveis como hoje.

    14. O que pensa dos Saint Cloth Myth atualmente à venda?

    Os bonecos antigos tinham um visual inchado, mas estes novos estão realmente bem feitos. Percebe-se o avanço tecnológico. As Cloths têm um excelente acabamento e o aspecto leve e elegante que eu queria originalmente. Mas as Cloths não são só proteções vestidas, também são capazes de assumir a forma de suas constelações, o que complica o assunto. Na época, era um conceito novo, e criar os projetos foi algo difícil para a Bandai.

    15. Agora, que passagens você recomenda dos episódios recentemente produzidos do Meikai-hen Kōshō?

    Naturalmente, a cena do Muro das Lamentações. Nas profundezas do Inferno, aonde a luz não chega, é o muro que só pode ser destruído pela luz solar. Como nossos heróis passarão? E recomendo também a cena em que os 12 Gold Saints se reúnem.

    16. Por que acha que Saint Seiya ainda é apreciado em todo o mundo mais de 20 anos depois?

    Será que um mangaká deve realmente revelar o que faz encantador seu mangá? Não quero eu mesmo apontar o mangá dizendo: “Isto é o que tem que lhe agradar” (risos). De verdade quer que eu responda? Diria que é porque há um sentimento de internacionalidade nele? Isso é o que me disse um francês que viera coletar informações. Você sabe, eu tive a oportunidade de ser entrevistado ao vivo por telefone no programa de TV francês chamado "Club Dorothée". Perguntaram-me se não me era estranho usar a Grécia como cenário principal, e eu respondi que não me constituía nenhum problema. Ah, essa é uma boa lembrança.

    17. Você já foi à Grécia?

    Não. É que faz muito calor lá (risos). As temperaturas ultrapassam os 42 graus no verão. Como nunca fui, acho que o Santuário que eu projetei deve trair os modelos originais. Renjirou Shibata (N.T.: autor japonês dos anos 1950-1970) escreveu em algum lugar que “um romancista é alguém capaz de escrever mentiras convincentes”. Por outro lado, os cenários para o anime foram baseados em modelos reais. Sobretudo nos filmes, onde templos e lugares foram fielmente reproduzidos. Como se eles de verdade tivessem ido.

    18. E, para terminar, qual é a sua mensagem para os fãs do Japão?

    Que eu realmente lhes agradeço por me apoiar por mais de 20 anos. Cada mangá kurumadiano tem seus fãs, e esses fãs não deixam de demonstrar o amor que devotam às obras. Eles apreciavam muito esses mangás quando eram crianças. Sou feliz. Depois, há as pessoas que compram brinquedos de Saint Seiya. Às vezes gostaria de lhes dizer: “Bom, isso já é suficiente, você tem mais de 30 anos!”, mas também quero dizer-lhes que: “Eu lhes agradeço por continuar a manter esses itens consigo”. Bem, fique apenas com a última dessas duas frases (risos).

    Se for possível, deixe-me manter as duas (risos). Obrigado por nos conceder seu tempo.

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    -Entrevista a Masami Kurumada na TV Fuji em 2003

    Shuukan Shounen [Masami Kurumada], 100 perguntas sobre a profissão de mangaká

    Fonte: Rosenweb
    Primeira transmissão: 29 de abril de 2003, 15:00-16:00, Fuji TV 721
    Tradução Jap-Fra: Archange
    Tradução Fra-Port: Swob


    SPOILER (click to view)
    Q1: A que horas você acorda de manhã?

    Como eu devo entregar scripts em uma data determinada, não tenho de fato uma hora precisa para ir domir ou me levantar.

    Q2: Em que lugar você encontra ideias?

    Fecho-me em um quarto que eu chamo de “o quarto de ideias”, localizado sobre meu estúdio.

    Q3: O que foi que fez você decidir se tornar um mangaká?

    Após terminar o colegial, eu não tinha a intenção de ir para a universidade e depois seguir uma vida normal. Assim, participei do concurso da Shōnen Jump, me dizendo que eu teria que tentar pelo menos uma vez, apenas para ver. Foi aí que comecei a escrever, desenhar e conceber histórias. Pensando de novo, eu de fato me joguei subitamente nesse mundo. Normalmente, as pessoas que querem se tornar mangakás são talentosas em desenhar, e é isto que as incita a seguir este caminho. Mas a beleza dos desenhos não é importante. Para que o fato de produzir os desenhos tenha qualquer sentido, primeiramente é necessário pensar sobre os nomes, o que é a tarefa mais difícil. No caso de uma publicação semanal, eu passo seis dias pensando nos nomes, e as últimas 24 horas são dedicadas a terminar os desenhos.

    O mangá de minha estreia foi “Sukeban Arashi”, quando eu tinha 20 anos. Devido à crise do petróleo, a Jump tornou-se mais fina, e as obras publicadas nela tiveram seu número de páginas reduzido. Ele deveria ter sido de publicação mais regular, mas acabou por se tornar um mangá pequeno. Depois de ter concluído Sukeban Arashi, eu trabalhava em meio período na limpeza de prédios, até que comecei Ring ni Kakero. Os tons de linguagem trabalhadora/artesã em Ring ni Kakero provêm de minha experiência em meus pequenos ofícios.

    O “-ccha” usado por Kiku é do dialeto da Prefeitura de Yamaguchi. Meus pais são de Yamaguchi.

    Q4: E se você não tivesse se tornado mangaká?

    Não faço ideia de como seria.

    Q5: Que mídias você utiliza?

    A biblioteca e, agora, a Internet.

    Q6: Um instrumento que você está desejando?

    A “cabra pen”. O fabricante é Zebra.

    Q7: Você tem um bloco de notas para registrar todas suas ideias?

    Uso tiras de papel ou então pedaços de jornais. Eu não tenho um caderno geral.

    Q8: O que o fato de ter se tornado mangaká lhe trouxe?

    Em meu caso, como eu tive a sorte de ter mangás bem sucedidos, é algo que me permitiu ter um estilo de vida mais confortável.

    Q9: Alguma vez você já pensou em parar com tal trabalho?

    Não. Muitas vezes acho que procurar os nomes é difícil, mas nunca pensei em deixar esta profissão. Se eu abandonar tudo vou decepcionar muita gente.

    Q10: Quando você adquiriu a certeza e a confiança de que era um verdadeiro mangaká?

    Quando Ring ni Kakero se tornou popular.

    Q11: O que é importante para uma publicação semanal?

    Ter resistência.

    Q12: “Masami Kurumada” é um nome artístico?

    Esse é o meu nome real. Aos meus 18 anos eu tinha considerado usar “Gō Saotome” ou “Jōji Samidare” como pseudônimo, mas por fim desisti. Na minha infância eu não gostava do meu nome e queria mudá-lo, porque Masami é um nome usado para garotas também. Mas finalmente entendi que seu nome é algo que deve brilhar por si mesmo.

    Q13: Você se preocupa em respeitar bem os prazos em seu trabalho?

    Não, na verdade.

    Q14: Como mangaká, em que momento você enfrentou o desafio mais infernal?

    Em cada capítulo.

    Q15: O que você faz quando fica sem ideias?

    Eu me forço até não poder mais.

    Q16: Você tem males relacionados ao seu trabalho de mangaká?

    Sinto dores nos quadris e nos ombros. Deve ser o caso de todos os mangakás.

    Q17: Qual é o aspecto importante na postura de seus personagens?

    O personagem principal precisa ser alguém perseverante e de sangue quente.

    Q18: Com base em que você escolhe seus assistentes?

    Eu levo pessoas que têm certo nível de desenho e que se dão bem com os outros para trabalhar.

    Q19: O que é um editor-chefe para você?

    O primeiro fã da obra e alguém capaz de tomar decisões objetivas como responsável pela publicação; em outras palavras, um companheiro.

    Na época em que fazia Ring ni Kakero, meu editor-chefe (eu mesmo) e todos os outros envolvidos ainda eram jovens solteiros, e por isso era comum para nós passarmos a noite no estúdio bebendo durante a troca de ideias antes de irmos dormir. O presente mais precioso que pode dar um editor-chefe são suas ideias. Falar de um filme a que ele assistiu, ou ainda de uma pessoa interessante vista no trem, etc...

    Q20: Cartas de fãs lhe passam uma forte emoção?

    Sim. Quando comecei, tinha a impressão de que ser mangaká não era um trabalho muito viril, mas as cartas dos fãs que recebi vieram para me fazer mudar minha cabeça. Orgulho-me da profissão de mangaká, que permite fazer as pessoas sonharem e lhes dá esperança. Recebi também cartas de pessoas me dizendo que sofriam bullying na escola e que haviam tentado o suicídio, mas que desistiram disso ao pensarem nos personagens de Ring ni Kakero ou de Saint Seiya, que lhes gritavam para não fazerem aquilo.

    Q21: Quais são seus três filmes favoritos?

    “O Poderoso Chefão” e “Jingi Naki Tatakai”. Esses dois permanecem no topo de minha lista pessoal. A atuação de Nobuo Kaneko e de Takeshi Katō em “Jingi Naki Tatakai” é impressionante. Eu posso ver este filme dezenas de vezes sem jamais me entediar. Em “O Poderoso Chefão”, o pai esclarece ao filho que aqueles que não dão importância às suas famílias não são homens. Eu não gosto do comando através da violência, mas há um lado romântico no filme. Na realidade, mesmo nesse contexto, a família é apresentada como algo importante.

    Q22: Seus três escritores preferidos?

    É difícil escolher apenas três, mas eu diria que Ryūtarō Shiba, Eiji Yoshikawa e Chōgorō Kaionji.

    Q23: Revistas que você lê sempre?

    Nenhuma.

    Q24: Sua comida favorita?

    Carne ou sushi.

    Q25: O que você faz nos dias de descanso?

    Eu bebo álcool e depois me deito para descansar.

    Q26: Hobbies?

    Não tenho nenhum agora, na verdade. Outrora, estaria comprando um carro novo e depois dirigindo sem destino definido só para estar dentro dele.

    Q27: O que lhe fascina atualmente?

    Meu computador.

    Q28: Seu esporte de luta favorito?

    [K – 1], [PRIDE].
    Em conversa com especialistas em artes marciais, cheguei a apreciar não só os combates no ringue, mas também a querer observar o drama dos atletas de perto. Existem muitos fãs de Ring ni Kakero entre os atletas atuais. Sakuraba Kazushi, por exemplo, usou uma técnica chamada “Hurricane Bolt” durante sua luta contra Hickson.

    Q29: Quem é o mais forte em sua opinião?

    No momento o melhor é Mirko Filipovic.

    Q30: Há alguém que você respeita em particular?

    Não.

    Q31: O que você faz para manter a forma?

    “Jo-sanpō” (N.T.: “sanpō”, caminhada/passeio). Uma corrida (jogging) não muito intensa; uma caminhada não muito lenta.

    Q32: Você segue uma moda de vestuário específica?

    Não.

    Q33: Em que lugar você se sente mais relaxado?

    Em meu estúdio.

    Q34: Tiques?

    Nenhum.

    Q35: Em companhia de quem você bebe geralmente?

    De muitas pessoas.

    Q36: De que tipo de bebida alcoólica você gosta?

    Todas me convêm. Scotch, Bourbon ou saquê japonês. Mas penso que o saquê japonês é a melhor.

    Q37: Quanto você consome de álcool? Com que frequência você bebe por semana?

    Eu bebo muito. Todos os dias.

    Q38: Desastres ocorridos sob a influência do álcool?

    Não há histórico de coisas graves que eu tenha feito estando ébrio, mas às vezes esqueço o que aconteceu no dia anterior.

    Q39: Que tipo de carro você dirige no momento?

    Um Estima. Quando eu era mais jovem era um BMW ou um Benz, porém não tenho mais a idade em que se pode parecer legal dirigindo um carro.

    Q40: Que tipo de garoto você era na infância?

    Era igual aos muitos filhos de artesãos que existiam no bairro.

    Q41: Quando foi o seu primeiro amor?

    Não lembro ao certo.

    Q42: A que animes assistia quando criança?

    O primeiro que me vem à memória é Tetsuwan Atom.

    Q43: Você se lembra do primeiro mangá que comprou?

    Billy Pack. Este é um detetive que usa uma boina e um casaco.

    Q44: Qual era sua “idol” favorita?

    Na época da escola primária era Wakako Sakai.

    Q45: Há algum programa de televisão que você nunca perde?

    Digamos que "Jikan yo desu". Não, nenhum, na verdade.

    Q46: Em que matérias você era bom?

    Em línguas e em educação física tirava de 8 a 10. Alguém poderia pensar que eu era bom em artes e em música, mas na verdade tirava nelas de 4 a 6, somente.

    Q47: Em que matérias você ia mal?

    Em todas exceto educação física e línguas.

    Q48: E atividades de clube?

    Eu era do clube de judô. Na época o judô era muito popular na TV e tinha uma imagem legal, através de, por exemplo, Sugata Sanshirō. A visão daquele tempo era de que os heróis defensores da justiça praticavam o judô, enquanto que os personagens maus, seus inimigos, utilizavam o karatê.

    Q49: Alguma vez você já praticou boxe?

    Não, eu só fiz algumas pesquisas sobre. Primeiro pensei no conceito “Um garoto e sua irmã mais velha tentam transpor obstáculos” e então refleti sobre o esporte que permitiria mostrar isso. No fim das contas, foi o boxe.

    Q50: Recentemente, algo lhe fez rir involuntariamente?

    Com certeza, mas assim de imediato não saberia dar um exemplo.

    Q51: Há coisas que lhe estão perturbando nestes dias?

    Sim, frequentemente. Ver problemas como histórias de sequestros me deixa irritado, e chego a pensar que não tenho mais vontade de assistir ao noticiário.

    Q52: Chorou alguma vez recentemente?

    Não.

    Q53: O que um homem não deve fazer?

    Ser covarde e perverso.

    Q54: O que você busca em uma mulher?

    Gentileza. Aprecio a gentileza nas pessoas, homens ou mulheres.

    Q55: O que fez você decidir usar a mitologia grega como pano de fundo?

    Eu queria ser lido também por garotas. Achei que a mitologia grega trazia certa imagem romântica, o que poderia agradar tanto meninos quanto meninas. Até então, mesmo os mangás Shounen de luta mais populares eram descritos como “brutais” pelas garotas, que preferiam então manter distância. Evidentemente, eu queria escrever um mangá de luta e me disse que acrescentaria elegância nisso também, e é assim que cheguei a tal resultado. A ação é a ação, o detalhe é o detalhe.

    Q56: De onde veio a ideia do termo “Cloth”?

    As representações da mitologia grega mostravam os deuses usando tecidos. Tecido=Cloth, e como os deuses os trajam, são também “vestimentas sagradas”, 聖なる衣 em japonês. Encurtando 聖なる衣 se obtém 聖衣=Cloth.

    Q57: Qual é sua técnica especial favorita em Saint Seiya?

    O Pegasus Ryūsei Ken.

    Q58: Qual é a ideia base do “Cosmos”?

    Na televisão, tinha visto um programa onde o corpo humano era definido como um microcosmo (小宇宙 - shō uchū). Assim peguei o Cosmos (宇宙 - uchū) no âmbito estelar e escrevi 小宇宙.

    Q59: De onde veio a ideia de um Mitsumasa Kido com cem filhos?

    Vem de uma história que eu lera na Bíblia de uma centena de filhos sacrificados. Mitsumasa Kido também sacrificou seus filhos a fim de se opor um terrível mal.

    Q60: Existe algum personagem inspirado em você mesmo?

    Os personagens principais representam meus princípios e meus sonhos. Por outro lado, os antagonistas representam aspectos de mim mesmo que eu odeio.

    Q61: Você pensa em continuar a história de Seiya?

    Eu não posso ainda fazer uma declaração, mas estou em contato com a Toei acerca de um filme. Sou do tipo que não se concentra em mais de uma criação ao mesmo tempo, e é em Ring ni Kakero 2 que trabalho atualmente. Mas eu gostaria de me ocupar de Saint Seiya um dia.

    Q62: Em sua opinião, por que esta série é tão popular no exterior?

    Há lágrimas, risos, emoção, pessoas que conseguem vencer outras mais fortes que elas. Essas são as bases de Saint Seiya, e eu penso que são coisas que entretêm em qualquer parte do mundo. Ainda que os personagens de Saint Seiya se vistam no estilo ocidental, a base é o “naniwabushi” e o “enka”. Conheci fãs da França e da Itália. Pessoas que haviam estudado japonês para poder ler Saint Seiya em sua versão original. Sinto-me feliz de ter criado uma obra que consegue ter tal impacto.

    Q63: Qual é o ponto comum entre o “Kaiser Knuckle” e as Clothes?

    A forma de escrever os nomes.

    Q64: Pode-se dizer que você continuou seguindo o conceito das Clothes após Saint Seiya, em Silent Knight Shō e B'T X?

    Depois de um sucesso como Saint Seiya, tudo o que você publicar em seguida será visto como repetição. Entretanto cada um é um universo diferente.

    Q65: Por que você mesmo não faz Saint Seiya Episode G?

    Porque há um limite para o montante de mangá que sou capaz de produzir.

    Q66: O que importa mais quando você desenha um personagem?

    Os olhos. Eu penso que mesmo se a silhueta do corpo for feita por outro não haverá incômodo, mas se eu não fizer os olhos os leitores dirão de imediato “Este não é o estilo usual de Kurumada”.

    Q67: Muma, Shimon e Ikki são personagens que utilizam o controle mental. Você se interessa pelo mundo da mente?

    Durante a Guerra Fria havia uma competição entre espiões estadunidenses e soviéticos. Isso pode ser o que me influenciou. O termo “Mind Control” tem uma boa sonoridade.

    Q68: De onde você tirou a ideia da guerra das espadas sagradas?

    Inicialmente havia só a fūrinkazan de Kojirō, mas apenas o protagonista poder possuir algo assim parecia desonesto, então acabei acrescentando outras espadas aos poucos, para que os inimigos também podessem possui-las. No caso de uma história de luta, é necessário fazer elevar a tensão para acarretar uma exageraçãodas coisas, e isso era muito difícil na linha colegial do início da história.

    Q69: Qual é seu personagem favorito em Ring ni Kakero?

    Katori Ishimatsu. Eu acho que pus nele muito de minha pessoa.

    Q70: Qual é sua técnica especial favorita em Ring ni Kakero?

    O Galactica Magnum. Pensei no melhor nome possível para o ataque de um gênio como Kenzaki. O nome significa “Poder explosivo capaz de destruir o universo”.

    Q71: Quais foram as reações quando você criou o Boomerang Hook?

    Os leitores me disseram que era interessante, e pensei comigo “sim, aqui está, é isso”. É impossível superar Ashita no Joe quando se trata de verdadeiro boxe. Pus-me a pensar numa maneira pela qual eu poderia fazer um estilo kurumadiano de mangá de boxe que não coincidisse com o de Ashita no Joe, e é assim que eu finalmente cheguei ao conceito de técnicas especiais. O Boomerang Hook foi um divisor de águas que iniciou um imperativo em todos os outros Kurumangás. Técnicas especiais que quando lançadas dão valor também aos inimigos.

    Q72: O que você sentiu quando o Power Wrist e o Apollo Exerciser se tornaram populares produtos reais?

    Que eu deveria ter registrado uma patente e montado minha própria empresa para vendê-los.

    Q73: Se lhe dissessem que a Shūeisha poderia construir um belo edifício em homenagem aos maiores sucessos de Kurumada?

    Eu pensaria que seria uma brincadeira.

    Q74: Você pensara desde o início na relação amorosa entre Kenzaki e Kiku?

    Não. Como não tenho talento para histórias de amor, procuro sempre que possível não ir nessa direção; ocorre simplesmente por acaso. A situação da história se prestava a isso.

    Q75: Por que gosta de usar o esquema do garoto de região pobre lutando contra um burguês?

    Eu creio que os japoneses sempre gostaram desse padrão. Ver o personagem principal numa situação de inferioridade faz você querer incentivá-lo, não?

    Q76: Você tem uma inclinação para histórias que colocam em cena um garoto e sua irmã mais velha?

    Eu penso que uma irmã mais velha como guia traz ternura à história bem como perspectivas de background mais interessantes que as de um velho decrépito. O amor familiar é importante. Quando minha mãe perguntava a meu pai, trabalhador da construção civil, a que horas ele voltaria, era do estilo deste responder-lhe “Quando um homem deixa sua família, sete ameças caem sobre ele, portanto eu não posso realmente responder”. Do meu ponto de vista de criança, eu achava essa resposta muito legal. Quaisquer que sejam os problemas que encontra em seu trabalho, um homem não leva suas preocupações para casa. Essa é a verdadeira força.

    Q77: De onde você tira suas ideias singulares?

    De filmes e de gekigás (N.T.: quadrinhos japoneses diferentes dos mangás; correspondem às “graphic novels” estadunidenses). Os esquemas dos gekigás de outrora eram muito inovadores. Como publicações semanais não permitem poucas páginas por capítulo, eu me esforço para criar uma cena que faça o leitor dizer “Uau, muito legal”, e ela se torna o núcleo do capítulo. Antes, ser capaz de mostrar uma ação desenhando várias vezes um braço em uma página era privilégio de mangakás, mas como os animes de hoje são igualmente capazes, os mangakás devem ficar atentos.

    Um piloto para um filme live-action de Saint Seiya tinha sido feito em Hollywood. O resultado foi bom, mas como os atores eram muito “machões” não se encaixavam muito com os personagens.

    Q78: Qual é o âmbito de Ring ni Kakero 2?

    O filho de Kenzaki e Kiku tem entre 16 e 17 anos. Eu acho que este é o melhor período a se abordar. As pessoas que haviam lido Ring ni Kakero 1 na infância agora estão na casa dos trinta anos. Muitos pensam então que suas vidas são chatas, e eu desenho Ring ni Kakero 2 para mostrar-lhes que não, que em qualquer idade pode-se sonhar. Creio que é melhor desenhar este mangá imaginando um público de leitores na faixa dos trinta.

    Q79: Ryuuji e Kenzaki estão vivos?

    Como sou do tipo que pensa a história enquanto avanço, eu realmente não posso responder.

    Q80: Três mangás que você recomenda?

    Nenhum.

    Q81: Um novo mangaká notável para você?

    Não sei, porque não leio mais mangás.

    Q82: Um mangaká que você respeita em especial?

    Nenhum.

    Q83: Seu tipo de música favorito?

    Além de jazz e clássica, eu ouço de tudo.

    Q84: De que gênero de programa televisivo você gosta?

    Dos noticiários.

    Q85: Qual é o toque do seu celular?

    Saint Seiya, é claro.

    Q86: Você utiliza computador?

    Faz pouco tempo.

    Q87: E quanto a seu site web?

    Falo de minha vida e de minhas criações. É interessante.

    Q88: Supersticioso?

    Não.

    Q89: Um lema?

    Nenhum.

    Q90: O que levaria para uma ilha deserta?

    Que pergunta estranha. Encontramos isso em revistas de má qualidade. Eu passo.

    Q91: Se lhe fosse permitido realizar um desejo, o que você pediria?

    Pergunta similar à anterior.

    Q92: Qual é a coisa mais cara que você já adquiriu?

    Convidar jovens lutadores de artes marciais e de pro wrestling para comer e dar do dinheiro do próprio bolso é prazeroso. Se eu não fizesse isso, talvez pudesse construir dois ou três prédios. Mas acho melhor ajudar um homem a crescer do que levantar um edifício.

    Q93: O que pensa da juventude de hoje?

    Não é diferente da de antes. Todos são amistosos tomados separadamente, mas comportamentos ruins podem surgir quando em grupo.

    Q94: Como mangaká, qual estilo você gostaria de tentar experimentar no futuro?

    Gostaria de tentar fazer uma história de amor. Mesmo que fosse só um oneshot.

    Q95: Qual é o maior segredo para perdurar?

    Resistência.

    Q96: Até quando você pretende continuar a fazer mangá?

    Até quando houver leitores que queiram ler. Se ninguém quiser, não terei mais razão para segurar minha pena.

    Q97: Que tipo de vida você imagina para sua velhice?

    Nunca pensei.

    Q98: Qual é o gênero de pessoa adequado para ser mangaká?

    Uma pessoa das “massas populares”, no bom sentido do termo. Alguém que se interessa por todo tipo de coisas pode transcrever sua experiência em seus mangás.

    Q99: Qual é a coisa mais importante para um mangaká?

    Não trair seus leitores.

    Q100: O que são os mangás para você?

    Minha subsistência.
     
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  12. Lourenço de Áries
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    Puts, não sabia que o Kurumada era alcóolatra, como nessa entrevista acima ele cita. E mudando de assunto, acho que ele foi meio grosso com o entrevitador ao não querer responder algumas perguntas. Mas no resto, valeu pela entrevista que vc traduziu e postou pra nós Swob!!!!
     
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  13. drjr
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    QUOTE
    acho que ele foi meio grosso com o entrevitador ao não querer responder algumas perguntas.

    É que ele entendeu que as perguntas 90 e 91 tiveram um caráter sexual(mente suja esse Kurumada.rs).
     
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  14. Lourenço de Áries
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    Será? Se for, então ele não é grosso não, é mente suja, rs.
     
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  15. Suikyo
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    Fonte: Next Dimension Group
    Tradução Esp-Port: Suikyo e Google =P


    Entrevista dos leitores espanhóis a Masami Kurumada



    Em 2011, a editora Glenat espanhol, anunciou que lançaria a versão kanzenban do mangá original, e em seu site criou um concurso onde os fãs podiam enviar perguntas sobre Saint Seiya, que seriam enviadas para o próprio Masami Kurumada. Essas perguntas, com as respostas relevantes foram finalmente publicado em fevereiro de 2012, no Volume No. 3.

    Alejandro Fernandez: Qual é o segredo para Saint Seiya continuar fazendo sucesso depois de todos esses anos?
    Masami Kurumada: Seiya continua fazendo sucesso graças ao apoio que os fãs apaixonados de todo o mundo tem dado. Espero poder contar com seu apoio de agora em diante também.
    Redondo Sergio Gomez: Ele propôs ou foi você que escolheu Megumu Okada e Shiori Teshirogi para tomar conta dos desenhos de Episode G e The Lost Canvas?
    Masami Kurumada: Sim, fui eu quem encomendou os desenhos de Episode G e The Lost Canvas. Os dois artistas são grandes fãs de Saint Seiya desde a infância, e me inspiram total confiança para deixa-los desenhar as séries.
    LordVarela (Raúl Varela Gíl): Por que escolheu o Santo de Pégaso como personagem principal?
    Masami Kurumada: A imagem de Pégaso, cavalo do céu, me pareceu muito apropriada como o protagonista/herói para os leitores masculinos.
    Madoko Nin: O que mais me causou em Saint Seiya foi que Marin e a irmã de Seiya acabaram sendo pessoas totalmente diferentes... Você planejou assim ou foi uma mudança que decidiu no final?
    Masami Kurumada: No principio não tinha a intenção de que Marin e Seiya fossem irmãos. Isso só me ocorreu ao longo da historia.
    Faydum (Manuel Entrena): Agora que a constelação de Ofiúco é tão popular... Podemos esperar alguma surpresa no Next Dimension?
    Masami Kurumada: Na realidade a constelação de Ofiúco era tomada como uma das doze constelações faz pouco tempo (pode se tratar de um erro de tradução, e na realidade refere-se que "foi apresentado nos um pouco"), mas dado que a Shaina é dessa constelação, parece que vai ser difícil de sair.
    Pig_Saint Ryoga: Você se envolveu na criação da Saga de Asgard no anime de Saint Seiya?
    Masami Kurumada: A Toei Animation que preparou o roteiro original da Saga de Asgard, e o que eu fiz foi dar conselhos.
    Masindac: Quero reivindicar os Santos de Bronze "Menores". É possível que Geki, Jabu e o resto dos Santos de Bronze secundários ganhem mais destaques no futuro?
    Masami Kurumada: Sendo que o protagonista é o Seiya, será difícil para os Santos de Bronze serem protagonistas. Em qualquer caso, eles também protagonizaram varias aventuras.
    Sr_Pilgrim JJ: O que diria pra alguém que nunca leu Saint Seiya?
    Masami Kurumada: Caminho da verdade (ter fé somente na verdade e segui-la)
     
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20 replies since 19/4/2012, 00:23   2562 views
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